29 maio 2010

Produção incessante de universidades

A produção incessante, fordista, de universidades, prossegue no país. Assim, segundo a Rádio Moçambique (RM), vai surgir na Beira em Agosto a Universidade Adventista de Moçambique. Ainda se constroem instalações, mas alunos já estão a ser inscritos. E acrescenta a RM que não haverá exames de admissão: "Sem exames de admissão e apenas com entrevista aos concorrentes que tenham concluído o ensino secundário, o funcionamento da UAM foi já autorizada pelo Governo, devendo leccionar cursos de licenciatura com duração de quatro anos ao nível de Educação, Teologia e Estudos Religiosos, Economia, Agricultura, Inglês e Português."
Adenda às 8:39: em Abril, o ministro da Educação, Zeferino Martins, anunciou a suspensão do licenciamento de instituições do ensino superior no país. Por falta de um regulamento, têm sido criadas instituições sem o mínimo de qualidade - afirmou Martins de forma severa. O país conta com 38 instituições do ensino superior, sendo 17 públicas e 21 privadas.

5 comentários:

V. Dias disse...

Sinceramente! Estou perplexo.

Não haja dúvidas: o epílogo deste improviso governamental pode, num futuro não muito distante, custar caro ao país, mas sobretudo, aos futuros doutores dessas universidades.

Se um hospital pode funcionar numa gruta (caverna), sim pode, mas quando o assunto é Universidade, convenhamos, é deveras preocupante.

Há sensivelmente 5 anos, valha-me à memória, o escritor Ungulani Ba Khossa disse, creio em 2005, para um jornal da praça, que algumas das nossas universidades, eram autênticas latas de conserva. Foi ignorado, infelizmente!!!

Para um país como o nosso, cujo bolo orçamental, na sua maioria, é "DOADO" pelos parceiros internacionais, criar universidades como cogumelo em tempo de chuva, pode, na minha opinião, custar caro à balança salarial ao Estado.

As universidades que temos, bem geridas, bem alientadas, bem coordenadas, bem estruturadas podem responder em curto prazo os problemas do país. Não sei de que mente saiu esta "sensacional" ideia de que abrindo mais universidade, funcionando como funcionam, a maneira, acaba-se, definitivamente, com as hecatombes.

Parir universidades apenas para certificar um exército de desempregados, tal e qual enfrenta Portugal hoje, é a mesma coisa que abastecer um carro, AVARIADO, de combustível.

Mesmo em países com mais de 1000 anos de experiência universitária, não produziram, em 30 anos, tantas universidades como o nosso têm produzido.

Cada vez mais me convenço que esta nova geração de viragem é produto de um sistema com tanta hemorragia intelectual. Quando se trabalha para mostrar calor dá nisso, palavra de última vergôntea dos Dias.

Zicomo

Abdul Karim disse...

Viriato,

Nao precisa de ficar preplexo, 'e problema de angulo de visao, problema de "viragem",

Voce tem que "virar" primeiro,

Poe te la de pernas pro ar, vais ver que esta tudo certo, diritinho, bonitinho.

Anónimo disse...

Vamos fazendo de contas que estamos a formar para continuar alimentando discursos segundo os quais esta-se a levar a universidade para o polo de desenvolvimento, nao importa se ha ou nao condicoes. Nem sempre o politicamente correcto e socio-economico bom.

Daqui a pouco vamos ter um monte de gente com diplomas mas que nada sabe. Isto vai custar muito mais caro. Esta gente deformada pode, se nao conseguirem emprego, revoltar-se contra os seus proprios "deformadores". Nao digam que ninguem avisou

Anónimo disse...

a autorizacao desta universidade e simplismente para tirar proveito politico. Se fosse no Niassa nao autorizavam.
Mas os beiresse nao se importam, porque aquele povo sentiu na pele o desprezo do governo. Talvez um dia voltaram a acreditar ............

Dinhoo

Abdul Karim disse...

Vou contar algo que aconteceu varias vezes quando eu ainda geria as operacoes no nosso escritorio em Maputo,

Nos admitiamos licenciados em comunicao e marketing para periodo esperimental e avaliavamos o candidato e davamos formacao nesse mesmo periodo experimental,

Constatei que era muito complicado alinhar um licenciado em relacao ao trabalho a desenvolver em funcao aos objectivos da empresa pelo simples facto de "ele" pensar que sabia, quando nao sabia, o que deixava uma enorme margem de erro em analize em tudo mais o que "ele" desenvolvia como trabalho.

Isso para dizer que 'e melhor nao ser licenciado, do que ser mal licenciado, pois o nao licenciado 'e por norma mais "aberto" 'a aprendizagem do que o mal lienciado.

O que nos vemos hoje a acontecer em Mocambique, nao algo "por acaso", nos ja estamos a sofrer com consequencias dessa formacao sem qualidade.

Veja que os problemas do pais aumentam e a capacidade de gerar solucoes decresce, nao obstante o numero de licenciados em gestao e comunicao e outras areas tenha subido drasticamente nos 10-15 anos.

Os nossos licenciados nao estao dispostos a compreender, que existem diferencas entre os livros ( normalmente modelos cientificos nao nacionais - importados ), e a realidade no terreno, onde tais modelos na maioria dos casos nao sao compativeis, e precisam de inovacao e criatividade para adapta-los 'a nossa realidade.

Alias essa incompatibelidade tem gerado niveis de stress dos alunos ( comforme estudo de Dr Andrea - Mocambicana-Psicologia Organizacional - ISPO ).

Chegamos agora a uma situacao em que nos recusamos a reconhecer trabalho efecuado, com conclusoes claras, duma empresa cuja razao da existencia 'e desenvolver o pais, e ao invez de aproveitar esse conhecimento nacional gerado, buscamos destruir a empresa.

Nao sei efectivamente onde se pretende chegar, mas muito claramente, quando la chegarmos, vamos olhar pra traz e contatarmos o que poderia ter sido feito e nao o foi, por simples ma vontade nossa, quando propostas para solucoes sempre existiram,e nos nao quizemos aceita-las por razoes, que so os actuais detentores do poder poderao explicar com mais detalhe.